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sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Um céu em crise





Crise Mundial:a verdadeira cara do neoliberalismo hayekiano
O neoliberalismo hayekiano pressupõe o Estado como guardião da concorrência do setor privado, coletivizando os prejuízos de tais instituições e nunca os lucros
por ÁDIMA DOMINGUES DA ROSA - Revista Sociologia Ciência & Vida

A quebradeira de grandes empresas que atuavam em âmbito internacional e principalmente as norte-americanas, como a GM e alguns bancos, mostrou ao mundo algumas facetas do sistema neoliberal, escancarando a todos como realmente se organiza o sistema de ampla concorrência capitalista e de como os gurus da administração gerem as grandes empresas mundiais. Primeiramente, podemos constatar que, como nos disse Friedrich August von Hayek, nos anos 1930, o Estado serve apenas para proteger o sistema de concorrências das grandes empresas.

"O funcionamento da concorrência não apenas requer a organização adequada de certas instituições como a moeda, os mercados e os canais de informação - algumas das quais nunca poderão ser convenientemente geridas pela iniciativa privada - mas depende, sobretudo, da existência de um sistema legal apropriado, estruturado de modo a manter a concorrência e a permitir que ela produza os resultados mais benéficos possíveis".

Assim, enquanto a empresa é lucrativa, ela não precisa do Estado, pois o que quer é apenas se livrar dele para que possa pagar menos impostos. No entanto, quando a grande empresa começa a dar prejuízos, todos pedem socorro ao Estado. Foi o que vimos fazer o presidente dos Estados Unidos com o sistema financeiro e as grandes empresas norte-americanas. "Centro da crise, os Estados Unidos foram o primeiro país a editar um grande pacote de resgate econômico. Em 1º de outubro de 2008, o Senado americano autorizou o Tesouro a gastar até US$ 700 bilhões para estabilizar o sistema financeiro.

[...]
Os momentos de crise são imprescindíveis para repensarmos nosso sistema político e econômico 

Esses momentos de crise são imprescindíveis para repensarmos nosso sistema político e econômico e, a partir daí, extrairmos conclusões para que possamos orientar nossas decisões futuras para o País. Como o único poder que possuímos é o voto, temos de refletir seriamente sobre os projetos de cada partido que está no poder, analisando cuidadosamente o que eles oferecem e ofereceram ao País.

Como bem vimos no governo do PSDB, mais especificamente no governo de Fernando Henrique Cardoso que dirigiu o País entre 1995 e 2002, seu projeto político e econômico foi de contenção de gastos, orientando os recursos ao pagamento de dívidas com os bancos internacionais. Ou seja, essa política cumpriu o papel de fomentar e incentivar o obscuro sistema financeiro, enquanto os investimentos internos ficaram "secundarizados". Além disso, a abertura da economia ao capital internacional foi responsável pelo aumento do desemprego e quebra das indústrias nacionais. Ainda não devemos esquecer a principal linha política do PSDB, que é a privatização das empresas públicas.

Tanto é que, em seu governo, a detenção de monopólios de empresas por parte do Estado brasileiro era visto como uma "heresia", por isso privatizou inúmeras empresas, como a Vale do Rio Doce. Pelo menos para nós, brasileiros, a política econômica traçada pelos partidos está ficando mais clara: se existem empresas públicas, vamos conservá-las, pois, assim, poderemos dividir tais recursos com gastos voltados para a população. Muitas das nossas riquezas, muitas delas construídas com o esforço da coletividade, já foram transferidas para mãos de poucos.

O discurso de que a concorrência gera qualidade e o monopólio estatal ineficiência foi bastante fragilizado. Atualmente, as poucas empresas públicas brasileiras que sobreviveram à onda privatizante, como a Petrobras, têm obtido resultados positivos, financiando pesquisas e projetos sociais em todos os lugares do Brasil. Isto significa apenas que o projeto de desenvolvimento do País se realiza e concretiza com a manutenção de suas empresas nas mãos do Estado, coletivizando não só prejuízos, quando necessário, mas principalmente os lucros e benefício

PS: imagem de Zara Picken

domingo, 3 de janeiro de 2010

Entrelinhas de um Mago


Um terceiro Deus
por José Saramago

Creio que as teses de Huntington sobre o “choque de civilizações”, atacadas por uns e celebradas por outros aquando do seu aparecimento, mereceriam agora um estudo mais atento e menos apaixonado. Temo-nos habituado à ideia de que a cultura é uma espécie de panaceia universal e de que os intercâmbios culturais são o melhor caminho para a solução dos conflitos. Sou menos optimista. Creio que só uma manifesta e activa vontade de paz poderia abrir a porta a esse fluxo cultural multidireccional, sem ânimo de domínio de qualquer das suas partes. Essa vontade talvez exista por aí, mas não os meios para a concretizar. Cristianismo e islamismo continuam a comportar-se como inconciliáveis irmãos inimigos incapazes de chegar ao desejado pacto de não agressão que talvez trouxesse alguma paz ao mundo. Ora, já que inventámos Deus e Alá, com os desastrosos resultados conhecidos, a solução talvez estivesse em criar um terceiro deus com poderes suficientes para obrigar os impertinentes desavindos a depor as armas e deixar a humanidade em paz. E que depois esse terceiro deus nos fizesse o favor de retirar-se do cenário onde se vem desenrolando a tragédia de um inventor, o homem, escravizado pela sua própria criação, deus. O mais provável, porém, é que isto não tenha remédio e que as civilizações continuem a chocar-se umas com as outras.


PS: imagem de Sirt.Woot - Friends Are Forever

Sem açucar. E como afeta

A minha imagem predileta.


A arte possui o poder de transformar o espaço circunscrito que aborda. As imagens assinadas pela lente precisa de Sebastião Salgado possibilitam uma rediscussão de sentidos e da funcionalidade da vida e das atividades humanas. Imagem que ch
oca, imagens alegres, imagens sombrias, imagem-palavra. Ela daria um livro.

As fotografias de Sebastião Salgado não vislumbram limites. Não são emplastos machadianos. Tão pouco Versos Íntimos de Augusto, um anjo decaído. Elas não assinalam um final trágico. Ao contrário, apontam a uma mudança. Uma metamorfose da realidade de todo necessaria e, como tal, eminente. Transformação diária.

Preto no branco. Branco no preto. Sebastião Salgado propõe uma investigação patente sobre a linguagem plástica, no que tange aos sentimentos. Suas fotos exploram a expressão corporal como elemento de linguagem. Trata-se de um pensamento dotado da necessária continuidade, de uma sensibilidade sobre-humana.

A produção de Salgado possibilita à população desfavorecida sair da invisibilidade. Um ruído. Uma imagem. Um campo fértil para perseverança.

Extensão. Prolongamento. Tensão. Suas fotografias transmitem mensagens variadas a quem vislumbra esse suspiro de realidade. Adormece o nosso desejo pelo fútil. Conecta-nos com o universo inquieto captado pelas lentes do fotógrafo.

A população oprimida é a sua mais cálida e sincera amiga. E com ela, mantém um trato íntimo, um resgate legítimo, uma visão identificada. Confiram o resultado dessa glorioza amizade nas imagens abaixo.


Fotos de Sebastião Salgado:
Os pobres trabalhadores da terra - Brasil

A luta pela terra. A marcha de uma coluna humana - Brasil

Comunidade acima de Chimborazo - Equador

Wearing sheepskin to protect from cold and humidity - Equador

Índia

Tigre

Refugees in the Korem camp - Etiópia

The Serra Pelada Gold Mine - Brasil

The Serra Pelada Gold Mine - Brasil

Sudão



PS: “A arte não é um espelho para refletir o mundo, mas um martelo para forjá-lo” Maiakovski

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Cá choro


Vivo a fábula de cachorros que correm e falam. E choram quando comento das guerras, do comércio e da vida. Da falta dela. O modelo atual de vida já não comporta os seus adeptos. Ou são os adeptos que não se enquadram em padrões, apenas na busca deles.

O criador regido pela própria criatura. Homem e Mercado. Sua imagem e semelhança. Hierarquia, ganância, caos interior. Criatura de garras e leis. E vontade própria. O Mercado simplificou a vida em valores de troca. Valores quantitativos. Especulação. Mais valia. Segregação. Miséria legitimada. Sofrimento necessário. Igualdade na inconstância, em um horizonte turvo.

Difícil é viver uma vida de cachorro. Sofrer maus tratos dos humanos. Ser abandonado como algo sem valor. Que perdeu o seu valor quando adulto. Não é mais filhote, pode sobreviver sozinho. Então, passam a viver aventuras, explorar cenários novos, desafiar o ambiente tumultuado das cidades. Espirito desregrado e aventureiro. Dos cachorros. Os humanos preferem viver em jaulas de condomínios, em grades de presídios, em desejos aprisionados, em sentimentos subversivos reprimidos. São prisioneiros de grades de programação televisiva por medo de sair de casa. Uma passividade camuflada pelo conforto doméstico. Ser humano é ter medo. Ser cachorro é não ter medo de escondê-lo.

Para os cachorros, nada se iguala a uma boa vitrine, a um frango assado rodando suculento no espeto. Saliva desejo e degusta a imaginação. Como o sabor é bom. Cachorros não sonham com caviar. Caviar tem gosto de hierarquia e segregação. De títulos de nobreza. Um sabor amargo que os humanos apreciam.

Os cachorros não crucificaram um Poodle. Crucificariam um frango suculento, como dito a pouco, é certo. Porém, por genuína necessidade de alimentar-se. Os humanos crucificaram um homem, com lindas madeixas de Poodle, olhos azuis, pele branca. Ele não tinha pêlos de Buldog. Era cão de raça. Tosado e sacramentado. E, hoje, os Homens vislumbram a cruz em um sentimento de autopiedade. Com misericórdia da própria complacência com o ódio.

Semáforos, vias sinalizadas, imprudência. Morte cotidiana. Luxo, ostentação, miséria. Morte natural. Guerras, tiros, cadáveres. Morte em combate, morte legitimada. Sem mortes nunca haveria um vencedor. Um singelo sentimento de vitória basta. A dor alimenta a espécie humana.

Ah, se vivêssemos uma vida de cachorro.

PS: Imagem de Scotty Reifsnyder - Don Peris Holiday Concert poster

Ainda não nos gostamos


Recortes das minhas letras preferidas. A seleção virou uma espécie de carta. Sem destinatários.

Ainda me interesso por qualquer coisa que seja difícil de ser explicada e constrangedora de ser resumida. Mas no mais, você não me conhece mais. Quero dançar com outro par, e não é só pra variar, amor. Tá tudo bem. Eu tô levando tudo de mim que é pra não ter razão pra chorar. Procure dividir-se em alguém, mas não me procure em qualquer confusão. Porque eu quero ver você maior, meu bem. Pra que minha vida siga adiante, afinal. Sabe, saber mudar de tom, eu sei. Mas quero não saber de cor. De qualquer forma, adeus você! É difícil ser feliz mais do que somos todos nós? Esquece. Põe mais um na mesa de jantar, por favor. Hoje eu vou praí te ver, mas tire o som dessa TV, pra gente conversar. Sem ressentimentos. Toma este anel, que é pra anular o céu, o sol e o mar. Até a chuva do céu se encerrará pra ver nosso depois. Que pretensão poética. Pare. Não se atreva. Observe. Nem posso acreditar. Olha ali, quem tá pedindo aprovação. Tente nunca mais tentar viver o cara da TV, aquele, que vence a briga sem suar e ganha aplausos sem querer. Bem feito pra mim e bom pra você. Vai, deixa de lado o que se diz. Tem no mercado, é só pedir! Me faz chorar, e é feito pra rir. Tendo dito, tenho que ser sincera comigo, o amargo é querer-te pra mim. E isso não. Não assim. Eu sei que tanto te soltei que você me quis em todo o lugar. É o segredo, então? Abre a janela agora, e deixa que o sol te veja. É só lembrar que o amor é tão maior. Sim. Mas não. Eu vou ficar são. Mesmo se for só. Não vou ceder? Talvez. E no final? Eu sei que vou ser coroado rei de mim. Catarse. Nem de mim quero ser rei. Ainda bem que sobre estar só, eu sei. Você não é exclusivo. Em ti eu não consigo encontrar um caminho, um motivo, um lugar, pra eu poder repousar meu amor. E eu não quero ser salva. Quero o mar e o sertão! Sem ingratidão, vá lá uma concessão pelo o que foi. Pra nós todo o amor do mundo e pra eles o outro lado. Estive pensando, se eu fosse a primeira a voltar pra mudar o que eu fiz, quem então agora eu seria? Quantas assustadoras e reconfortantes possibilidades. E melhor, se eu for a primeira a prever e poder desistir do que for dar errado? Esquece de novo. Não sou covarde. Dispenso a previsão. Não tenho certeza, mas se o que eu sou é também o que eu escolhi ser, devo aceitar a condição. E você? Eu não perderia a glória de chorar. Absolutamente. Pode até ser que o esforço pra lembrar é minha vontade de esquecer. Pode. Pense bem, ou não pense assim! Sem retorno pra mim. Pra nós. Mas não faz disso esse drama essa dor, o único perigo é eu me esconder em você. Ninguém está imune à projeção. Eu me contento em andar, pois acredito que é reconhecer. Guarde um sonho bom pra mim, ta? Quem sabe o que é ter sem querer pra si é capaz de mudar o mundo. Mas não fala do que eu deveria ser pra ser alguém mais feliz. É compreensível que se eu peco é na vontade de ter um amor de verdade? O que justifica o quê? Sempre me questiono. E renego veementemente os especialistas que analisam e sentenciam sobre isso ou sobre qualquer coisa. Assim que o amor entrou no meio, o meio virou amor. Daí quem se atreve a me dizer do que é feito o samba? O meu bloco tem sem ter e eu vou nessa direção. Lamento. Vai chover de novo, deu na TV. E nem preciso dizer que o povo já se cansou de tanto o céu desabar. Fiquei mal com a constatação. Vem cá, que tá me dando uma vontade de chorar. Seja sincero, me diz, foi só amor ou medo de ficar sozinho outra vez? E você se preocupou com a repercussão? Pergunta retórica, evidentemente. Quem foi que te ensinou a rezar? Que santo vai brigar por você? Que povo aprova o que você fez? Apesar da cobrança, não tenho autopiedade, não. Pelo menos eu sinto. Me sinto bem, me sinto mal, mas sinto. Neste momento, e não no anterior e menos ainda no posterior, sinto como se a alegria recolhesse a mão pra não me alcançar. Conselho? Passo sem culpa, pois falar do que foi pra você, não vai me livrar de viver. Já experimentou ler, ver, escutar pra se perder no abismo que é pensar e sentir? Sabe, a foto mais bonita que eu fiz, era aquela de você olhando pra mim. Quanta verdade. Verdade? É difícil aprender do seu jeito. Mas sim, é no não que se descobre de verdade. Me conta. O que te sobra além das coisas casuais? Forte a revelação? Tenha dó, não mereces o afago nem de Deus nem do Diabo. Tá, não vou me exaltar. Desta vez, tudo será sem gritos. Só sussurros. Sem lamentações extras, todo o carnaval tem seu fim... Guardemos as fantasias para os próximos. Ou será que devemos renová-las? Já sei, a minha eu quero mais ousada e colorida. A sua poderia ser menos. Me desconsola perceber que toda escolha é feita por quem acorda já deitado. E como tudo se perpetua. Toda folha elege um alguém que mora logo ao lado. Eu posso, mas não devo pintar o estandarte de azul pra por suas estrelas no azul. Quero mudança. Se você se pergunta pra quê mudar, não sou mais a pessoa certa pra te esclarecer. Sem querer você passa então a amar, tudo aquilo que não ganhou. Tão previsível, pessoa. Não rezo a Deus no céu, nem a alguém no chão. As desculpas também não cabem aqui, eu tive que arranjar alguém pra passar os dias ruins. Para os bons não se precisa? Vou pensar. E não simplifique, traições são bem mais sutis.

P.S.: Agradeço aqueles que me emprestaram suas palavras, o que conheço de vocês é apaixonante. Sem pretensões, apenas abstraí a partir delas. E a belíssima ilustração chama-se Por qué cantamos? e é de autoria de Gustavo Aimar. Obrigada também.

ComMeta



Horas. Minutos. Segundos pensamentos restringidos pela primeira rotina. Primeiro a rotina. Ela preenche o nosso cotidiano. Os compromissos se sucedem. Uma infinidade deles, e apenas um deles permanece. Sempre permanecerá. O compromisso de repensar o mundo.
Todo tempo é tempo de pensar. Inove. Renove. Cometa. Um cometa que ilumine um céu negro de estrelas. Negro, mas com estrelas. Não aguarde o Sol nascer.

PS: imagem de TangYauHoong - Sail to the City

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

2009 Assistido


Meu ano foi particular. Muita coisa nova e importante que deveria ter aprendido na Escola, mas muitas vezes o excesso de informação me confundiu. Muita convivência com as pessoas que mais amo, o que torna todas as relações muito delicadas pela intimidade retomada. Pouca política e literatura, e quase o suficiente de cinema e sono.

Baseada na introdução, achei razoável refletir sobre 2009 a partir do que a sétima arte me ensinou. Quero mais Caros Amigos e Érico Veríssimo no futuro.

Não sei tudo sobre a minha mãe. E isso é mais do que saudável, é autopreservação. Apesar disso, retornar em uma jornada para explicar a si mesma o que não se pode explicar a quem mais amava foi um excelente pretexto para recuperar o que valia a pena e abandonar o que merecia ser abandonado.

Fale. Com ele, com ela. A diferença se notará em você. Adquira o hábito de ir à cinemateca ver filmes mudos e se dedique com paixão ao que e a quem ama. Assim, se é olhado com sensibilidade e complacência mesmo quando sob julgamento.

Pode ser neurótica e nervosa a convivência com o outro. Mesmo e, principalmente se este é inteligente e apaixonado. Não trocaria Nova Iorque pela Califórnia, não dirijo mal, não sou dependente da psicanálise, nem de baseado para o sexo e também não preciso de ninguém para me livrar de um aracnídeo. Tá, não sou a Annie. Mas também não sou simples e concordo que perder os letreiros em sueco que antecedem alguma obra-prima do cinema é frustrante. Nossas relações são muito complicadas. Por serem fluidas como a vida, é quase impossível achar o ponto do não retorno à felicidade acompanhada. Até pareceu que daria certo, mas até parece.

O cinema é inebriante. A vida é uma expedição ao Cairo, uma festa de gala na América. O importante é ser diferente da vida vivida. A lenda de uma rosa púrpura é fabulosamente atraente diante da depressão do país e dos maus tratos sofridos em casa. Mas quem ficaria com o personagem perfeito e desistiria do ator promissor? A realidade cheia de imperfeições se impõe, apesar disso sempre haverá o cinema. Expressão de alívio.

A miséria, sob qualquer manifestação, é de fazer chorar, pensar e chorar de novo. Durante um trajeto de carro ou pela vida toda. Quando mesmo começamos a agir? Quando o Pau Brasil for lenda? Repressão sexual, expressão sexual, violência sexual. Tudo misturado. Marido passivo que sonha em se travestir. Mulher infiel. Filho envergonhado. Homem repugnante. Filha e mulher alienadas. Filha revoltada e abusada. Filha adotada e sem pudor. Crianças mortas. Homem morto, mas podre em vida. Homem morto e preso. Filha freira, reprimida e alienada. Filha fugitiva e de futuro como o presente. Mulheres no mundo, o que pode ser quase fácil ou a única saída. Experiência intensa. Queria poder evitar o começo.

P.S.: A imagem é o que eu consigo desenhar no Paint sobre o tema. E de longe, meu pai gostou e até a nomeou. Estou feliz com a caricatura copiada.